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Demontanha em montanha, rumoao futuro

  • 01-03-2021
  • PAG 12,13
  • Exame
  • Autor: Margarida Vaqueiro Lopes

Margarida Vaqueiro Lopes  
 
As PME nacionais têm mostrado um elevado nível de resiliência e estão focadas em fazer melhor. As reflexões dos especialistas que passaram pela iniciativa da EXAME  
 
A EXAME, em parceria com a Informa D&B e a Deloitte e com o apoio da Ageas Seguros, realizou, no mês passado. o seu já habitual evento dedicado às 1000 melhores PME nacionais, em que marcaram presença (virtual] diversos especialistas. para ajudara pensar o atual momento por que estas atravessam. Para o bastonário da Ordem dos Economistas, Rui leão Martinho, apesar de não haver "momento mais difícil do que este que estamos a viver", há esperança, no médio prazo, se a crise sanitária continuar a ser debelada e considerando que o plano de vacinação corra conforme o esperado. Para o especialista, o mais importante é pensar nas estratégias a médio prazo que incluirão, na sua ótica, um desafio significativo que é o da retirada dos apoios disponibilizados pelo Estado.  
 
Para isso, lembra, é preciso tranquilidade, assertividado e planeamento, não apenas por parte do tecido empresarial mas também por parte dos governantes. “Acho que é possível começar a preparar uma política muito inteligente de pós moratórias. Empresas que tiveram aproveitamento desta facilldade, em especial as que têm mais dificuldades, precisam de tempo para recuperar. É aí que é necessário ter uma política de bom senso, para que as empresas não se tomem zombies, retomando aquela que era a sua atividade, ou outra. Mas elas têm de ter tempo para o fazer”, sublinha. E pede que esta pandemia recorde aos gestores que “não podemos viver em cima de uma linha muito ténue de tesouraria e de resultados. Temos de ter presente que a qualquer momento pode haver uma crise e que as empresas estão aqui para perdurar”.  
 
No mesmo sentido, Teresa Lima, responsável de Estudos, Parcerias e Inovação de Produtos da Informa D&B, salientou o facto de a avaliação da resiliência financeira à pandemia realizada a cada empresa ter surpreendido pela positiva, com 78% das PME deste universo das 1 000 maiores a registar um nível de resiliência elevado ou médio alto, face aos 40% do tecido empresarial geral. Este indicador foi acrescentado pela Informa D&B ainda no decorrer do “Grande Confinamento” para medir o pulso às PME nacionais que continuam a dar sinais e vitalidade e de resistência. Outro indicador que vale a pena ter em conta para manter o otimismo é o facto de 81% das empresas terem um risco de failure mínimo, de acordo com os dados agregados pela consultora. “É um excelente sinal de como estas empresas, que têm um papel tão importante na economia, estão preparadas para enfrentar o futuro”, sublinhou a responsável.  
 
Já o CEO da Ageas Seguros, José Gomes, salientou como a gestão do risco numa empresa voltou a ser recordada como prioridade, com a pandemia a obrigar a mudanças de planos aceleradas em várias organizações. “Muitas vezes, os gestores e os empresários têm uma boa noção do que é o risco, mas outras vezes não. É aí que temos vindo a posicionar-nos, de forma que a gestão do risco seja adequada, porque, quando se fala do risco, a primeira dimensão tem que ver com a prevenção, no sentido de que é importante identificar e ter domínio detalhado das atividades e dos riscos a que a empresa está sujeita, uma vez que esse risco tem impacto no dia a dia” das organizações. “A segunda dimensão tem que ver com a forma como se podem preparar ou definiras ações de antecipação e, por último, a dimensão da proteção, através da compra de proteção e de transferência do impacto de ocorrência de um incidente [no caso] para a Ageas Seguros”. Para o responsável, é fundamental que os gestores deixem de ver os seguros como um custo e os considerem um investimento, na certeza de que serão acompanhados no tempo por equipas especializadas que trabalharão para que as empresas estejam o mais protegidas possível de perdas provocadas por imprevistos.  
 
Já Sérgio Oliveira, da Deloitte, aproveitou para elencar todos os pontos para os quais as empresas devem olhar para se candidatarem às várias linhas de apoio que deverão ser garantidas pela chamada bazuca que virá da União Europeia, mas cujos valores globais e composição ainda não estavam fechados no dia desta iniciativa.  
 
Numa conversa descontraída, Carla Sequeira, diretora-geral da CIP, e Rita Nabeiro, CEO da Adega Mayor, apelaram a uma maior partilha e trabalho em conjunto por parte das PME nacionais que, defendem, podem, assim, ganhar massa crítica para mais facilmente se afirmarem no comércio internacional. No mesmo sentido, salientam a necessidade de lideranças mais próximas, comunicativas e transparentes, para conseguirem levar a bom porto as equipas que têm estado sob pressão a tentar superar a atual crise que impactou significativamente os resultados financeiros e o moral das empresas nacionais. “Há uma frase de Mandela que eu uso muito: depois de subires a uma grande montanha, só vais perceber que terás uma montanha ainda maior para escalar. Acho que isto é uma boa metáfora para o que estamos a viver”, referiu Rita Nabeiro, em jeito de resumo.  
 
Numa manhã animada e marcada pela revelação das várias PME que venceram nas diversas categorias que a EXAME destaca, houve ainda tempo para uma conversa com Paulo Lopes, CEO da Xpand IT, que ganhou o prémio de PME do Ano, e sobre a qual pode ler com mais detalhes na última edição da EXAME. “Sempre tivemos pensamento global”, começa por revelar o responsável da tecnológica. “Foi o pensar global que nos fez chegar à Tesla”, admite, orgulhoso, antes de deixar um aviso em jeito de reflexão: “Comparativamente a outras revoluções industriais, esta está a acontecer a uma velocidade estonteante. Por isso, a capacidade de mercados e pessoas se adaptarem é muito mais difícil.” E, apesar de a Xpand IT estar na frente dessas alterações, a consciência de que é preciso continuar a caminhar com os dois pés bem assentes na terra e planos de contingência está profundamente enraizada na companhia. A lista de todas as PME vencedoras pode ser consultada na edição nº 442 da EXAME, e o vídeo completo do evento pode ser visto em www.exame.pt.  
 
 
DE OLHOS NA BAZUCA  
Exame  
 
No Webinar da EXAME e da Ageas Seguros, discutiu-se a retoma da economia  
 
É preciso monitorizar a aplicação e utilizar bem o envelope financeiro que chegará a Portugal, nos próximos anos, para suportar a recuperação da economia no pós-pandemia ea transição energética e digital, sob pena de o País perder esta oportunidade "única" que pode ser também a "última". Este foi o entendimento deixado, a 11 de fevereiro, pela generalidade dos participantes na conferência Plano de Recuperação para a Europa: Oportunidades e Desafios para as Empresas", onde também se defendeu a criação de condições, do lado do Estado, para se reduzir os custos de contexto e facilitar o investimento. A iniciativa contou com a participação de Rui Leão Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas; Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal; Gustavo Barreto, diretor-geral de marketing e distribuição da Ageas Seguros; Tiago Freire, diretor da EXAME; Pedro Matias, presidente do ISQ; Nuno Gonçalves, vogal do conselho diretivo do IAPMEI; e António Saraiva, presidente da CIP.  

Número Referência(s) ORDEM DOS ECONOMISTAS: 2

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